segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Na revista SURF Portugal Fevereiro 2011 saiu um artigo do  meu neto, Pedro Corte Real, que foi premiado e que vou ter o prazer de transcrever para este meu pequeno Blogue muitas vezes esquecido por mim.



Aqui vai.


O nome ou título, conforme preferirem é: “ O Sal que tempera a vida”


1) Quem nos diz que por sermos pessoas adultas e responsáveis não podemos trepar árvores correr ao sabor do vento, chapinhar numa possa como crianças, andar à chuva ou mesmo fazer uma viagem sem destino planeado gritar bem alto no meio do nada, esquecermo-nos de quem somos por um instante e ser o que quisermos? Sendo responsável pela minha felicidade, contesto analiso-me e pronuncio-me. Deixo a minha vida rotineira em “fila de espera” dou descontinuidade à tentativa de acompanhar esse ritmo alucinante de “tic tac” das grandes urbes. Dentro de um perímetro razoável, sigo rumo à primeira praia que me vem à cabeça. É aqui que tudo começa e durante o caminho a vontade vai contribuindo com o seu primeiro sustento à harmonia do meu espírito. A severidade daquele estilo de vida sedentário e condenatório vai-se desvanecendo num suave sentimento jubiloso. Chegado ao destino e depois de equipado, finjo um aquecimento, sendo este rápido e ineficaz , tal é a velocidade que transporto, como um urso após seis meses de hibernação. Despeço-me de forma pouco nobre e até egoísta das palavras , discriminatórias, e sigo a todo o gás em direcção ao reino primórdio. Num tom autêntico detenho as palavras e uso a alma no lugar da prancha que me permite a reconciliação de estatuto de mortal com o divino, não havendo hierarquias. Saio da água e sinto o cansaço a conquistar todo o meu corpo, celebrando uma espécie de irmandade com a alegria que é figurada num casto e profundo sorriso. Deixo-me ser invadido por um estado de total satisfação que me leva a viajar por níveis estratosféricos, nunca antes registados.. Retomada alguma consciência dispo o fato já carcomido que consigo carrega e conserva um memorial de sessões anteriores todas elas relevantes umas menos, outras mais. São recordações que preenchem a minha alma , são momentos que contribuem para a pessoa que hoje sou e é através delas que subsiste em grande parte a vontade e a força de continuar a viver cada dia de forma absolutamente distinta e repleta de paixão. Coloco então a prancha no carro. Acedo ao baú das lembranças e fico encantado com as poucas e miseráveis ondas que protagonizei muito antes. Findo o momento com um derradeiro olhar curioso sobre sobre aquela magnífica extensão de água conectada com o oceano . Contemplo o fim de tarde a emergir lenta e espirituosamente por entre o horizonte, o esplendoroso panorama que se apresenta, oferece alguns minutos de uma deslumbrante luz alaranjada até que a sua aparição se  desvanece definitivamente A escuridão já leva a melhor do dia e a noite por fim volta a dominar . Regresso finalmente a casa, regresso não apenas na companhia do sal que transporto no rosto ou no cabelo molhado pela água do mar, mas uma versão melhorada daquilo que fui. Regresso munido de novas especiarias e artifícios para encarar a rotina e temperá-la do melhor jeito.


Pedro Côrte - Real

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Tuna Académica de Coimbra


Nesta fotografia na fila de cima  e junto ao claustro da esquerda está o meu pai , Luís Pereira Cajeira, filho do
Capitão Cajeira de quem falo no início deste Blogue.
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Escola do Magistério Primário de Lisboa


Fotografia de Finalistas do ano de 1959
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Amizade .Poema de Anónio Picão

        

         Quando esta palavra escrevi
          Com um sentir tão profundo
          Desejei que existisse
          Amizade em todo o Mundo

          No livro da minha vida
          Escrevi com certa saudade
          Uma palavra tão bela
          Que se chama Amizade

          Mas que palavra bonita
          Quando é dita com verdade
           Faz esquecer os desgostos
           E traz de volta a saudade

           Amizade não se compra
           Amizade não se vende
           Amizade sai da alma
           Daqueles que ainda a sentem

           Quando estamos sozinhos
           E sentimos solidão
           É tão bom termos amigos
           Que nos estendam a mão

            A amizade é tão linda
            Quando ela é verdadeira
            Pena é que muitas vezes
            Não seja para a vida inteira

                   António Picão coralista do Coro da Associação de Reformados do Concelho de T Vedras
           

sábado, 13 de novembro de 2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Amizade

Amigos do poeta Vínicos de Morais



Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, pois permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não sabem o quanto são meus amigos e o quanto a minha vida depende de suas existências…


A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas porque não os procuro com assiduidade, não lhes posso dizer quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis, ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.


Por vezes, mergulho em meus pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…


Agente não faz amigos, reconhece-os.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sentimentos

Saudade   Recordação   Segurança  Intuição  Tristeza  Felicidade  Amizade  Razão  Amor .

Agradecimento, é esta maravilhosa sensação que sinto por poder escrever isto! ! ! 

Camerata Vocal de Torres Vedras. 
Maestro: Francisco D' Orey.

terça-feira, 29 de junho de 2010

A FADA DO AMOR

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Poemas do meu Pai



Esta é a capa do livro de poemas do meu Pai.

Para o ler clique aqui

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

As palavras sempre ficam!



“Se me disseres que me amas, acreditarei mas se escreveres que me amas,
acreditarei ainda mais.
Se me falares da tua saudade, entenderei,
mas se escreveres sobre ela,
eu a sentirei junto contigo.
Se a tristeza vier a te consumir e me contares,
Eu saberei, mas se a descreveres no papel, o seu peso será menor
e assim são as palavras escritas: possuem um magnetismo especial, libertam,
acalentam, invocam emoções.
Elas possuem a capacidade de em poucos minutos cruzar mares,
saltar montanhas, atravessar desertos intocáveis.
Muitas vezes infelizmente perde-se o autor
mas a mensagem sobrevive ao tempo,
atravessando séculos e gerações.
Lembre-se sempre do poder das palavras .Quem escreve constrói um castelo
e quem lê passa a habitá-lo.”



(Autor desconhecido)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Uma história de encantar para a Ana e Sofia.
















Os Dois Vestidos de Carlota
Era uma vez uma menina chamada Carlota, muito franzina e lourinha que
vivia com a mãe Ana que era feirante.
Todos os dias iam vender roupa à feira, por isso a menina nunca andava mal vestida.
Depois da feira Carlota costumava ir brincar para a clareira que ficava perto da sua casa. Chamava-lhe a “ Clareira Mágica “.
Um dia a mãe de Carlota disse para a filha:
- Olha que vestidos tão lindos! São para ti, fica com eles!
Eram dois vestidos realmente muito bonitos! Um era vermelho, o outro azul.
O azul tinha montes de lápis desenhados, o vermelho flores de todas as cores.
Um dia, Carlota estava a escutar os pássaros encostada a uma árvore, quando de repente, uma borboleta lhe falou:
- Olha Carlota a mãe do Mundo Colorido mandou-te chamar.
- Sabes porquê? - Perguntou a menina.
- Sei sim, é porque os teus vestidos são mágicos, tanto o azul, o dos lápis, como o vermelho das flores.
Carlota escutava encantada e a borboleta continuava:
- Queres ir até lá brincar comigo?
Carlota respondeu-lhe que sim com a cabeça.
Tinha o vestido mágico azul, o dos lápis e depois da borboleta acabar de falar, encontrou-se num mundo todo azul habitado por lápis de todas as cores e tamanhos.
Um dos lápis aproximou-se e disse:
- Que bom teres vindo Carlota!
- Olha pega em nós e desenha tudo o que tiveres na vontade.
Então a menina desenhou barcos, casas, árvores, o sol, o mar, a lua, estrelas… e ficou horas a desenhar. Exausta, voltou à clareira e a borboleta disse-lhe:
- Amanhã traz o teu vestido vermelho e irás comigo ao reino das flores.
No dia seguinte Carlota vestiu o vestido vermelho das flores e voltou à clareira. A borboleta apareceu e lá foram. Então, de repente, vi--se rodeada de flores de todas as cores e feitios que lhe foram contando histórias maravilhosas que nunca tinha ouvido: histórias do pôr – do - sol, da lua, do mar, de fadas… A menina estava maravilhada!
Eram 6 horas quando regressou à clareira. Perguntou à borboleta quando poderia ir passear outra vez com ela. A borboleta respondeu-lhe:
-Quando a mãe do Mundo Colorido te der novos vestidos mágicos.
Carlota voltou para casa cansada de brincar. Extasiada ainda, foi-se deitar e adormeceu. E os seus sonhos foram tão belos que sorrindo murmurou:
… Mãe do Mundo Colorido…
Com muito amor da avó Tita e da tia Ana

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Missão


“O que será que cada um de nós está fazendo neste planeta?”
Para mim a nossa vida no planeta Terra tem basicamente dois motivos: evoluir espiritualmente e aprender a amar melhor.
Todos os nossos bens na verdade não são nossos. Somos apenas as nossas almas e devemos aproveitar todas as oportunidades que a vida nos dá para evoluirmos. Portanto devemos lembrar-nos que os nossos fracassos são sempre os melhores professores e é nos momentos difíceis que precisamos encontrar uma razão para continuar em frente. As nossas acções, especialmente quando temos de nos superar, fazem de nós pessoas melhores. A nossa tentação de resistir às tentações, aos desânimos para continuar o caminho é que nos torna pessoas especiais. Ninguém veio a esta vida com missão de desfrutar dinheiro e comer do bom e do melhor. Ganhar dinheiro e alimentar-se faz parte da vida, mas não pode ser a razão dela.
Escute a sua alma: Ela tem orientação sobre qual o caminho a seguir.

Adaptação de um texto de Roberto Shingashiki

.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Mais um poema da Ana...




O amor nasce no coração
Mas também pode brotar da poesia…
De afectos
De amizades
De entre ajuda
De paixão
De compaixão
De lágrimas
De tristeza
De alegria!

A fidelidade é como um Pôr de Sol
Que desponta todas as tardes
Sem se ausentar uma única vez na vida!

O calor do Sol
Acalenta as tempestades do coração
Acalma o terror do pânico e dá conforto a quem sente frio nos sentimentos!

A carícia
O mimo
O afago
Anima e consola até nos adormecer!

Mas é preciso que ao acordar sejamos amados!…

terça-feira, 26 de maio de 2009

Palavras Poderosas


Abundância – Amizade – Amor – Beleza – Bondade – Caridade – Concentração – Confiança – Criatividade – Concretizações – Desenvoltura – Energia – Equilíbrio – Felicidade – Honestidade – Harmonia – Ilimitado – Independência – Inspiração – Inteligência - Orientação – Liberdade – Objectivos – Justiça – Paz – Saúde – Sabedoria - Realização – Poder – Persistência – Segurança – Vitalidade – Serenidade – Vida.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Oração a S. Francisco

Uma amiga minha foi a Itália e trouxe de Assis esta bela oração a S Francisco que eu já conhecia em português
mas não em italiano, língua, onde para mim, ganha maior expressividade.


Preghiera Semplice

Oh! Signore, fa di me un istrumento della tua Pace : Dove è odio fa ch’io porti l’Amore.
Dove è offesa, ch’io porti il Perdono.
Dove è discórdia, ch’io porti l’Unione.
Dove è dubbio, ch’io porti la Fede.
Dove è errore, ch’io porti la Verità.
Dove è disperazione, ch’io porti la Speranza.
Dove è tristezza, ch’io porti la Gioia.
Dove sono le tenebre, ch’io porti la Luce.

Oh! Maestro, fa ch’io non cerchi tanto:
Ad essere consolato, quanto a consolare;
Ad essere compresso, quanto a comprendere;
Ad essere amato, quanto ad amare.

Poiché: Si è: Dando, che si riceve;
Perdonando che si è perdonati ;
Morendo, che si risuscita a Vita Eterna.

S. Francesco d’Assisi

domingo, 10 de maio de 2009

A Zambézia do Passado


A capital da Província da Zambézia, Quelimane, começou por ser uma pequena feitoria comercial portuguesa que só em 1761 foi elevada à condição de vila.
A riqueza agrícola de toda a região deve-se às condições favoráveis do solo e do clima.
As culturas de maior importância eram então o coqueiro, a cana sacarina, o sisal, o milho, o algodão, o tabaco e mais tarde também o chá.
Ascendendo a cidade em 1942 Quelimane reforçou nos anos subsequentes a sua fisionomia de centro administrativo e cultural com invulgares riquezas agrícolas: vastíssimos palmares de coqueiros nas orlas de Quelimane e da Maganja da Costa, chá no Gurué e em Milange, açúcar no Luabo e em Mopeia, no Caia e em Marromeu e algodão na Marrumbala e ainda sisal, tabaco, milho, mandioca, arroz, etc.

Em Quelimane nasceu a Anucha dos versos “Numa tarde quente de 1966”, quando numa vinda a Lisboa, deixámos o papá sozinho em terras africanas. O Joãozinho, o mano de quem os versos também falam, teria ano e meio quando fomos para Quelimane, exercer como professores.
Saudades?... Sim, muitas saudades de Àfrica, de Quelimane, do Rio dos Bons Sinais e desse tempo que à distância vejo como único e maravilhoso

Para ver mais fotos clicar AQUI

terça-feira, 14 de abril de 2009

Moçambique


Quelimane, numa tarde quente de 1966

Eu tenho dois pequeninos
Um casalinho a primor
Tu, Joãozinho, um traquinas,
Tu, Anuchinha, um amor.

O papá manda beijinhos
E um grande abraço apertado
E mil, um milhão de carinhos,
E lágrimas por estar afastado.

O papá está quase sempre
Muito tristinho a pensar,
(Quase não, constantemente)
No dia em que hão-de voltar.

E por isso o tempo agora
Já não passa depressinha.
Cada minuto é uma hora,
Desde manhã à noitinha.

Mas se o papá é bonzinho
Sempre pronto para brincar,
Fica às vezes zangadinho
E põe-se logo a ralhar.

Olha lá, ó Joãozinho,
Olha lá, não sejas mau.
Senão vou aí num instantinho
Num pulo dar-te tautau.

E tu também ouve Anucha
Quando é que tomas juízo?
Pois a pensar só na bucha
Vais dar aí prejuízo…

Pois eu não quero que aí
Façam maldades assim.
Quero que venham para aqui,
Fazê-las ao pé de mim.

Não se esqueçam do recado,
Vão já dizê-lo à mãezinha,
Quero-os aqui ao meu lado
Desde manhã à noitinha.

Do Papá.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Galiza, Ilha de Toja e Santiago de Compostela.










La Isla de Toja é, uma ilha galega da província de Pontevedra, situada a poente da vila de O Grove, à qual está unida por uma ponte. É uma ilha túristica famosa pelas suas águas curativas.
Santiago de Compostela é a capital da Galiza ( Espanha) e localiza-se na província da Corunha.

domingo, 5 de abril de 2009

Arte em Casa






















Festa no Turcifal



Fotografia de um lanche convívio dos Coros, Infantil, Juvenil e Versatilis da Casa do Povo do Turcifal na sala de ensaio, no dia da eliminatória para freguesias do Concurso" Novos Talentos " no ano 2006, evento promovido pela Câmara Municipal de Torres Vedras.

sábado, 4 de abril de 2009

Passeio a Piódão a jóia da Serra do Açor...





Piódão é uma das 10 aldeias históricas de Portugal, situada entre a serra da Estrela e a Serra da Lousã, sendo considerada a jóia da Serra do Açor. Com aproximadamente 36,40Km quadrados de área, é a freguesia portuguesa mais longínqua do concelho de Arganil.
Os terrenos são basicamente xistosos e é considerada área protegida, podendo encontrar-se castanheiros, carvalhos, loureiros, medronheiros, azereiros e arbustos como a urze, o rosmaninho a carqueja e a giesta.
Ir até Piódão, é decerto um passeio maravilhoso e inesquecível!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Posso!

Posso…

Posso sentir beleza ao olhar para o céu enevoado, deste Inverno rigoroso.
Posso sentir imensidão ao pensar no mar do meu Portugal querido.
Posso sentir compaixão ao ver todos os que pedem na rua: um pouco de calor …um pouco de sentimento para tapar o vazio, que ninguém imagina que alguém possa experimentar!
Posso sentir-me acarinhada… basta um olhar mais fundo
basta uma palavra mais generosa
basta um sorriso verdadeiro
Posso sentir-me amada.
Eu vivo o amor como se vive uma amizade.
Eu vivo o dia a dia como se respira,
naturalmente…
sem fantasias!

Posso amar quem queira…
Posso odiar o melhor e adorar o pior!

Posso ajudar quem quiser ajuda!
Não tenho medo do sofrimento … já vivi a dor!
E quem não conviveu ainda com a amargura!

Posso gostar de tudo!
Posso não gostar de nada!
Mas não posso ter tudo o que quero!
Mas ninguém pode neste mundo!
Somente há pessoas que podem ter mais... ou muito mais que outras!

Para mim,
viver não significa ter,
Para mim, viver significa, SER...


Ana Corte- Real

Outro poema de Ana Corte Real

Acabará sempre...

A lua ilumina o céu negro enquanto que as estrelas piscam, incessantemente, fazendo brilhar aquela escuridão celestial!

Futuros seres, nascerão,
vidas crescerão…
mas todos nós, inevitavelmente, um dia findamos!
Mas a lua,
tempo no tempo,
continuará a iluminar o céu negro.

Nas horas por entre horas… entre a noite, as estrelas continuarão a fazer brilhar aquela escuridão!

Nós findamos!...
Mas mesmo para quem nos ama, haverá um dia em que a dor ficará esquecida…

Existirá uma lembrança, sim, que se vai desvanecendo,
mas que desaparecerá
nas horas dos outros,
no tempo que não pára… dos outros.


domingo, 22 de março de 2009

Fui assim...


Indo eu um dia a atravessar o Largo do Rato com uma amiga, guiando o automóvel do meu pai, parámos junto do polícia sinaleiro ( muito importante em cima da sua pianha de madeira alta, grande e redonda) que soprava sem parar com o seu apito de metal reluzente e de som vibrante, a orientar o complicado trânsito local. Tendo ainda pouca experiência de conduzir, pois tinha tirado a carta há muito pouco tempo, ao ouvir subitamente o seu apito mandando-me seguir e contornar o seu palanque para voltar à esquerda, arranquei a toda a velocidade com medo de me atrasar e, talvez um pouco nervosa, não sei como, ao dar a volta bati violentamente no seu frágil apoio. Parei imediatamente a alguns metros. O homem cambaleou atónito, barafustou, gesticulou, apitou tanto e de tal maneira que eu atrapalhada e arrependida, tendo sempre presente as boas maneiras e delicadeza aprendidas no Colégio do Sagrado Coração de Maria, resolvi recuar e pedir-lhe desculpa, mas com tão pouco jeito e atrapalhação que lhe voltei a dar novamente outra forte pancada! Não consigo descrever a reacção do pobre polícia que já só queria ver-me dali para fora... Desta vez já não apitou. Com o capacete branco um pouco descaído para o lado, o olhar turvo e o apito numa das mãos, dobrou-se todo para a frente pondo em risco o seu equilíbrio e com os dois braços a ondular expressivamente apontando o longe, suplicava:
- Vá-se embora! Vá-se embora!
Achei então melhor partir bem depressa sem me desculpar, não fosse a paciência do bom homem esgotar-se ou com novo pedido de desculpas, mandá-lo eu talvez, para o hospital!...

terça-feira, 17 de março de 2009

A pesca do bacalhau nos mares da Gronelândia





























Revista Oceanos
Terra Nova

A Epopeia do Bacalhau
Nº 45, Janeiro/Março, 2001

…Foram fracas as campanhas dos últimos anos da década de 20. Em 1930 os navios regressam, mais uma campanha fraca.
Mas Ílhavo anima-se à chegada dos seus homens que andam bamboleando nas ruas como se ainda um
convés pisassem .
Passam os carros de bois carregados com os sacos de lona da roupa de bordo, cheirando a salgado e ao azougue das cavernas. Vai a roupa ao rol para a lavadeira a levar ao rio. Faz-se a procissão do Senhor dos Navegantes, andor aos ombros de marinheiros que cumprem promessas.
Juntam-se os «bacalhoeiros» na praça, na farmácia,
no barbeiro e este, de tanto os ouvir, já conhece os espalques ( locais de bom fundo) do Grande Banco, de cor e salteado os baixos de Rocks, os rumos, quantas as remadas.
Contam-se histórias, recordam-se os maus tempos, lamentam-se os naufrágios e as vidas perdidas. Mas vieram intrigados por terem deixado de avistar, por uns tempos, o «Santa Mafalda» no Virgin Rocks e no Grande Banco.
«- Por onde andou, Capitão Cajeira?
E este conta aos amigos e ao jornal «Beira Mar»:
- No ano passado chegaram até mim informações sobre a belíssima pesca que havia feito um navio francês nos Bancos da Groenlândia (…) Este ano cheguei aos Bancos da Terra Nova, procurei meus lugares preferidos de pesca aqueles onde em anos transactos, tenho feito boa safra. Uma grande desilusão sofri. Má pesca, escassez de peixe, uma arrelia…Resolvi, definitivamente, ir até aos Bancos da Groênlandia.
Partimos no dia 20 de Junho e tivemos uma viagem magnífica (…) Sem novidade e ao fim de 10 dias estávamos a 63º 40´ de latitude norte. Estávamos, então, sob a acção de um frio inclemente, cortante, indescritível (…) De todos os lados, mais perto e mais longe, se erguiam majestosos e bizarros os icebergs (…) De todos os tamanhos e de todos os feitios. Alguns davam-nos a impressão de veleiros singrando os mares, com o velame içado.
(…) Interessante mas tétrico. Interessantíssimas as auroras boreais.
- E pescaram?
- Oiça: castigada pelo frio intensíssimo e ante o perigo eminente em que nos achávamos em virtude da proximidade dos icebergs, a tripulação reunida
declarou-me que era impossível pescar (…) Que não podiam, diziam eles, e eu tive de concordar. O fogão já não tinha calor suficiente para coser pão e a água já fervia com muita dificuldade. (…) Em derredor do navio, a certa distância, avistaram-se centenas de icebergs. Faziam um barulho ensurdecedor (…).
- Como escaparam de tão grande perigo?
- Tivemos a nosso favor um grande factor de ordem natural. Quase não havia noite naquelas longínquas
paragens. O sol rompia às duas horas da madrugada e só às 11e15 horas (da noite) desaparecia no horizonte.
- Três horas pouco mais de noite.
- É certo… e nem sequer nesse tempo dormia descansado. Com grande dificuldade e, por vezes em risco de nos perdermos, conseguimos descobrir uma aberta pela qual iniciámos o regresso.
Navegando com ventos contrários só conseguimos chegar aos bancos da Terra Nova em Julho».
(continua)

Diário Náutico do lugre “Santa Mafalda”, 1931, do capitão João Pereira Cajeira (1879-1958)