segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Meditar


Muitas vezes, ao fim de um dia de preguiça,
chorei o meu tempo perdido.
E não há tempo perdido, ó meu Senhor.
Tu tomaste nas tuas mãos todos os instantes
da minha vida.
Oculto no coração das coisas, tu é que alimentas
a semente até que ela germine, o botão
até abrir-se em flor e a flor
até ser fruto farto e doirado.
Eu estava estendido, a dormitar, no meu leito
indolente, julgando suspenso todo o esforço.
Mas acordei de manhã e encontrei o meu jardim cheio de flores e de maravilhas.
TAGORE

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Homenagem aos bebés

Homenagem aos bebés.

Que fazem os bebés?
Dormem, comem, sujam-se por vezes, noutras enchem de riso os ares, choram muito quando precisam, divertem-se sozinhos e é com certeza isso que se passa enquanto são bebés. Depois mais crescidinhos, continuam a fazer o mesmo e mais umas quantas habilidades, inventam gracinhas, gatinham, andam, dão corridinhas e caem. Caem e choram. E quando a mãe coloca a mão sobre o dói-dói a dor passa. Começam então a investigar o mundo, a vencer obstáculos, a andar de triciclo.
E a comunicação que a princípio é apenas gestual vai sublimar-se com os sons; primeiro, simples gritinhos, o rir e o chorar, o ralhar e o protestar, o imitar. Depois pouco a pouco, os sons aproximam-se da palavra até aparecer a primeira: Mamã!
Que descoberta! A partir de agora mamã vai servir para tudo: mamã porque tem fome, mamã porque lhe doem os dentinhos, mamã porque lhe apetece fazer birra, porque está triste ou porque está contente...

Mamã, simplesmente, divinamente para a chamar...

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Aconteceu no Alentejo

A igreja de Santa Maria numa cidade do Alentejo junto do Castelo, encontrava-se muito deteriorada, e teve que ser encerrada para obras, retirando-se todos os objectos para uma arrecadação. As obras prolongaram-se por dois ou tês anos, e finalmente preparou-se tudo para a festa de reabertura.
Ao serem colocadas as imagens nos respectivos pedestais o prior verificou que havia um problema: uma Nossa Senhora com o Menino conhecida por Santa Maria, encontrava-se num estado lastimoso, com a pintura toda caída ou a cair mal se lhe tocava. Naquela altura já não era possível enviá-la para um restaurador o que acarretaria muito tempo e despesa.
A imagem era feita de madeira maciça mas a pintura parecia moderna, talvez de 1930, época em tinham sido feitas obras na igreja. No entanto a escultura parecia anterior ao barroco, as roupagens com as pregas verticais sem nada a esvoaçar, o cabelo da Senhora liso, caindo a direito até à cintura.
Pediu o prior a uma amiga minha com grande habilidade e conhecimentos de pintura, muito devota e praticante da religião católica se poderia fazer os reparos necessários na imagem. Por não ser especialista na matéria, a minha amiga hesitou, mas pelo que observara chegou à conclusão que aquela não era a primitiva imagem de Santa Maria, contemporânea da actual igreja (reinado de D. Dinis), que essa se teria estragado sendo substituída pela actual, e dispôs-se a arranjá-la. Mas havia um problema : o grande peso da estátua, que por falta de condições na igreja, teria de ser deslocada para casa da minha amiga para o restauro.
Então alguém alvitrou: - De maca é que nossa Senhora ia bem! Já seria fácil transportá-la!
O prior não pôs objecções. Recorreu-se então aos bombeiros, cujo presidente não se opôs e considerou o serviço dentro das atribuições da corporação.
Acertou-se o dia e a hora e lá veio a Santa Maria de maca onde já estava preparada a sala do rés- do- chão do piso inferior, para a execução do trabalho.
E várias semanas passaram, esforçando-se a minha amiga para a pôr com melhor aspecto. A túnica passou a cor de tijolo, o azul do manto a uma tonalidade azul cinza e a barra do manto manteve-se por ter uns motivos dourados a folha de ouro. Os rostos e as mãos mantiveram-se igualmente por estarem bem, assim como a camisinha do Menino Jesus.
A imagem teria agora que regressar de novo à igreja de Santa Maria. E desta vez quem foi buscá-la foi a ambulância da Emergência Médica!
A minha amiga pensou: vai-se levantar um burburinho quando chegarmos ao Castelo. Puro engano. Ouviu-se antes uma mulher gritar para as vizinhas: - Já ali vem ! - Nossa Senhora chegou!
Quatro bombeiros fortes colocaram a imagem no seu nicho e a reabertura do culto com a bênção do Bispo realizou-se dali a dias.
E assim terminou esta história original, com um epílogo feliz…

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

mar azul

O azul
transmite-nos uma beleza formosa.
Os seus tons comunicam-nos subtilezas da expressão.

O azul é belo
na sua própria essência.
O azul
retrata a cor… de uma Índia, ou de uma África...

O azul do mar
do oceano
como das profundezas da sensibilidade.
Azul
cor inseparável das nossas emoções…

Poema de Ana Côrte-Real

Eu e a Ana minha filha adoramos o mar azul... Todos os nossos antepassados foram grandes ou pequenos marinheiros.