domingo, 22 de março de 2009

Fui assim...


Indo eu um dia a atravessar o Largo do Rato com uma amiga, guiando o automóvel do meu pai, parámos junto do polícia sinaleiro ( muito importante em cima da sua pianha de madeira alta, grande e redonda) que soprava sem parar com o seu apito de metal reluzente e de som vibrante, a orientar o complicado trânsito local. Tendo ainda pouca experiência de conduzir, pois tinha tirado a carta há muito pouco tempo, ao ouvir subitamente o seu apito mandando-me seguir e contornar o seu palanque para voltar à esquerda, arranquei a toda a velocidade com medo de me atrasar e, talvez um pouco nervosa, não sei como, ao dar a volta bati violentamente no seu frágil apoio. Parei imediatamente a alguns metros. O homem cambaleou atónito, barafustou, gesticulou, apitou tanto e de tal maneira que eu atrapalhada e arrependida, tendo sempre presente as boas maneiras e delicadeza aprendidas no Colégio do Sagrado Coração de Maria, resolvi recuar e pedir-lhe desculpa, mas com tão pouco jeito e atrapalhação que lhe voltei a dar novamente outra forte pancada! Não consigo descrever a reacção do pobre polícia que já só queria ver-me dali para fora... Desta vez já não apitou. Com o capacete branco um pouco descaído para o lado, o olhar turvo e o apito numa das mãos, dobrou-se todo para a frente pondo em risco o seu equilíbrio e com os dois braços a ondular expressivamente apontando o longe, suplicava:
- Vá-se embora! Vá-se embora!
Achei então melhor partir bem depressa sem me desculpar, não fosse a paciência do bom homem esgotar-se ou com novo pedido de desculpas, mandá-lo eu talvez, para o hospital!...